Sobreviventes do artesanato, da pesca, do extrativismo e da produção agrícola, os índios da etnia Tapeba que vivem, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, são os mais vulneráveis ao novo coronavírus que dominou Ceará nos últimos meses. Segundo levantamento do Instituto Socioambiental, que leva em consideração dados das Secretarias Estaduais de Saúde e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o povo Tapeba está entre os 10 povos indígenas com maior vulnerabilidade ao covid-19 no Brasil. Também conforme monitoramento da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), o Ceará é o segundo estado com maior contaminação entre indígenas.

Além de ficarem impedidos de desempenhar suas atividades de subsistência, os índios sentem dificuldades na prática de seus rituais, compartilhamento de objetos e demais elementos culturais durante este período. Outros agravantes são a entrada de não-indígenas nas aldeias e a ida de indígenas ao centro da cidade para sacarem o auxílio emergencial, situações que acabam levando mais problemas às aldeias. O resultado são várias famílias privadas de seu sustento e de sua vida em comunidade.

“Está muito difícil para os povos indígenas enfrentar este momento com dignidade, a gente precisa garantir a segurança alimentar dos nossos familiares. Em nome do povo Tapeba, a gente agradece à contribuição do TRE” afirma Cassimiro Tapeba, membro da comunidade e coordenador executivo da Apoinme, após receber cestas básicas doadas por servidores e magistrados do TRE.

“A gente agradece de coração”, é o coro entoado pelas mulheres das comunidades para enaltecer o gesto do órgão com a entrega das cestas. “Muitas famílias perderam o emprego, estão em casa na quarentena e não têm de onde tirar o seu sustento. A gente agradece pelas doações! ” completa a agente de saúde Naiane Tapeba. A Associação recebeu 130 cestas básicas na última quarta-feira, 3/6.

Para Cassimiro, a ajuda chega em uma boa hora, mas o enfrentamento ao covid-19 soma-se às outras lutas já travadas pelos indígenas. Atuando como agente de endemias em um dos polos do Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará (DISEI) na região, ele afirma que o trabalho tem sido intenso para colocar em prática planos de ação, com o intuito de lidar com as realidades do povo Tapeba. “Temos feito nossa parte na articulação com o TRE e com outras organizações que têm vindo às nossas terras para contribuir. Mas, a dimensão da realidade de vulnerabilidade das nossas comunidades é muito grande e a gente precisa, para além disso, de outros apoiadores para que a nossa sociedade cearense, as organizações governamentais e não-governamentais possam também fazer este enfrentamento com a gente”, expõe.

Associação das Comunidades dos Índios Tapeba

A Associação das Comunidades dos Índios Tapeba (Acita), localizada em Caucaia, resiste contra o tempo e as dificuldades na Região Metropolitana de Fortaleza. A Acita surgiu, em 1985, com o apoio da Pastoral Indigenista e é, atualmente, a maior expressão de representação política do povo Tapeba. A associação representa, hoje, todas as 17 comunidades Tapeba, com uma população de aproximadamente 10 mil indígenas.

Desde a década de 80, eles travam lutas por políticas para conseguir a demarcação de suas terras, abastecimento de água, energia elétrica e avanços nas áreas de educação e saúde. Em 2017, uma das vitórias do povo Tapeba foi a declaração de posse de 5,2 mil hectares de terras localizadas no município de Caucaia, pelo Ministério da Justiça.

TRE Solidário

O TRE Solidário é uma campanha de voluntariado que surgiu com o propósito de alcançar famílias carentes e necessitadas durante a pandemia. O projeto busca sensibilizar servidores e magistrados a compartilharem doações para essas famílias. As arrecadações foram transformadas em 400 cestas básicas, com produtos alimentícios e de higiene, além de 400 bandejas de ovos, que já estão sendo entregues às quatro comunidades selecionadas.

A Associação das Comunidades dos Índios Tapeba (Acita) foi uma das instituições selecionadas pela comissão da campanha para receber as doações. A Acita inclui-se nos critérios definidos, que são: grupos vulneráveis com meios de subsistência comprometidos em razão da pandemia; minorias étnicas e grupos do escopo das ações de cidadania do TRE.

A campanha continua realizando ações de solidariedade às comunidades vulneráveis durante a quarentena. O período de adesão para a segunda fase é até 12 de junho. As doações são descontadas em folha de pagamento, com autorização dos doadores. A arrecadação é definida da seguinte forma: magistrados e promotores doam 3% da gratificação eleitoral e servidores, 10% do auxílio-alimentação.

Para aderir à 2ª Edição da Campanha, na intranet, basta clicar aqui, fazer login e preencher a autorização com nome completo e CPF, permitindo o desconto em folha nos meses de junho e julho/2020.

Confira o vídeo com os depoimentos da comunidade dos índios Tapeba no Canal do TRE-CE.

Texto e imagem: Mariane Lopes (ASCOM)

#PraTodosVerem: banner, na horizontal, contendo a foto do momento do recebimento das doações pela Instituição. Na foto, quatro homens lado a lado (três fardados com roupa azul e um vestido com bermuda, blusa branca com mangas e máscara), tendo atrás deles as cestas doadas. No canto inferior direito, consta a descrição: "TRE Solidário", escrito em letra cursiva e na cor azul-escuro, sobre uma tarja branca, e, no canto superior direito, a logo do TRE-CE, que compreende um círculo azul com estrelas brancas e pequenas dentro dele. O círculo está sobre um quadrado amarelo, tendo abaixo um triângulo verde pequeno, simbolizando a bandeira do Brasil. Abaixo da logo, a sigla TRE-CE, na cor preta.