Memórias afetivas das eleições foram tema em roda de conversa
O evento aconteceu em virtude da 21ª Semana Nacional de Museus
A Seção de Biblioteca e Memória Eleitoral do TRE-CE (Sebim) realizou, na manhã desta sexta-feira, 19/5, um momento de compartilhamento de memórias afetivas relacionadas às eleições. A roda de conversa teve como tema "O ritual do voto: memória afetiva das eleições" e foi transmitido pelo canal do TRE no Youtube.
O evento aconteceu em virtude da 21ª Semana Nacional de Museus. Em 2023, a Semana traz o tema "Museus, sustentabilidade e bem-estar", como parte do avanço de uma agenda dedicada à sustentabilidade.
O servidor da Sebim Vasco Arruda foi o mediador do encontro e, para apresentar a primeira palestrante, Raquel Cavalcanti Machado, citou trecho do livro da professora: "O bem-estar no mundo, assim como a democracia, é como uma onda. Não se movimenta apenas para a frente, progressivamente. Também retrocede e, às vezes, movimenta-se sem constância" e ainda: "o voto é o remo de que dispõe o indivíduo para mudar o curso do barco no rio da vida". Raquel é professora de Direito Eleitoral e de Teoria da Democracia. É também editora-adjunta da Revista Suffragium, publicação eletrônica do TRE.
A professora Raquel Machado iniciou sua apresentação, ressaltando ter "muito orgulho da democracia brasileira e da Justiça Eleitoral brasileira". A palestrante centrou seu discurso em três palavras: ritual, memória e afetividade. A docente revelou, ainda, estar feliz com o tema abordado. "As eleições não são feitas de uma decisão aleatória. São feitas de um conjunto de sentimentos e pensamentos e, para o voto, a memória do país, dos sonhos e dos desejos é essencial", destacou. Sobre a palavra ritual, ela fala da necessidade de que haja cada vez mais rituais no mundo, pois são eles que "dão significação e aprofundam as experiências".
Falou do cenário emocional e racional do período pré-eleições: "Nós vivemos um momento emotivo muito frágil, pois a gente estava deixando aflorar os nossos piores sentimentos". Raquel Machado encerrou a apresentação com registros de eleições como exemplos de rituais que devem continuar. "A eleição é, sobretudo, o sonho do porvir. É sempre essa possibilidade de transformação".
Para a professora, "a política é emoção pura, mas emoção não quer dizer um sentimento aleatório negativo que sempre leva à discórdia. A emoção pode nos mover a construir melhor o nosso país", finalizou.
A coordenadora de eleições, Edna Saboia, fez um recorte dos seus 33 anos de Justiça Eleitoral. "A memória não é minha, mas uma construção dos servidores da Justiça Eleitoral", iniciou. Ela apresentou uma nuvem de respostas à pergunta "o que é eleição?", que enviou previamente a magistrados(as) e servidores(as). Para Edna, a palavra que ela pode usar para definir uma eleição é: pertencimento.
A palestrante também trouxe registros de eleições e ressaltou o som da urna eletrônica para refletir sobre memória afetiva. "Por meio do som, a urna eletrônica resgata essa memória", disse. Já para relembrar a memória do voto manual, a coordenadora destacou o barulho do carimbo, lembrado por um colega servidor e muito utilizado em eleições passadas.
Falou dos elementos acessíveis presentes na urna e de ações da Justiça Eleitoral cearense para possibilitar a inclusão nos processos eleitorais, como a atuação da primeira eleitora cega como mesária voluntária na última eleição. Lembrou a implantação do voto eletrônico, em 1996, e a divulgação feita por ela e outros(as) servidores(as) em diversos lugares do Ceará.
Na ocasião, Edna entregou à biblioteca o Boletim de Urna (BU) original da zona eleitoral de Milagres e Abaiara, de 1996.
Para finalizar a roda de conversa, Roberta Laena, coordenadora da EJE, trouxe indicações literárias e musicais sobre o tema. Ressaltou a memória afetiva como identidade. Leu um trecho do livro Fragmentos da Memória, em que fala das vestimentas e rituais feitos pelos(as) eleitores(as) nas eleições passadas.
"Nossa memória afetiva também pode ser coletiva", complementou. Na oportunidade, Roberta indicou o livro "O dia de um escrutinador", de Italo Calvino, e leu um trecho da obra. A coordenadora compartilhou, ainda, memórias da vida pessoal que as eleições lhe proporcionaram.
Por fim, houve execução da música de Sérgio Bittencourt para Jacob do Bandolim, "Naquela Mesa", que a coordenadora dedicou em memória aos servidores e às servidoras: Lourdizete Castro, Jorge Helder e a requisitada Maria Elizabeth Dantas, que faleceram este ano. Roberta definiu essa música como "a tradução do que é memória afetiva". Para ela, "o afeto mais importante é o das pessoas. As memórias que eles trazem para nossas vidas", finalizou. Ao final, foi aberto espaço para o compartilhamento de memórias.
Fotografia retangular na horizontal registrada na biblioteca do TRE. A imagem mostra parte du público de costas para a câmera e, ao fundo, os palestrantes da roda de conversa. No lado esquerdo está um painel com a exibição dos slides.