Evento em alusão à XV Semana da Biblioteca do Livro debateu sororidade

A prática da empatia, da confiança, da cooperação e do acolhimento entre as mulheres, bem como os sentimentos de irmandade, solidariedade e companheirismo foram aspectos abordados durante o evento Sororidade: uma ferramenta de transformação social. A palestra, ministrada pela servidora Rita de Cássia Brígido Feitoza, da Seção de Biblioteca e Memória Eleitoral (SEBIM), ocorreu nesta quinta-feira, dia 26 de outubro, na Sala de Treinamentos do TRE do Ceará. Com a presença de servidoras(es), estagiárias(os) e colaboradoras(es) do Tribunal, o momento integrou a programação da XV Semana do Livro e da Biblioteca, numa ação do Programa de Difusão Cultural, iniciativa da Escola Judiciária Eleitoral Cearense (EJEC).

Rita falou, inicialmente, sobre os diversos e silenciosos dramas vividos por muitas mulheres, vítimas de coação, abusos, assédio, violência doméstica, entre outras violações, assinalando a necessidade da luta constante pelo respeito e a dignidade para o gênero, criando-se uma corrente de resistência e uma rede de laços contra o machismo e o patriarcalismo.

Usando exemplos dos filmes clássicos da Disney, como Branca de Neve e os Sete Anões (1937) e Cinderela (1950), a palestrante assinalou que ambos limitavam-se a difundir a “cultura da beleza” e implantar sentimentos de inimizade, inveja e competição entre as meninas da época e das gerações seguintes. Observou que, com a passagem do tempo e o crescente sentimento de solidariedade entre as mulheres, produções mais recentes, também da companhia, como A Princesa e o Sapo (2009) - em que Tiana, além de ser a primeira princesa negra entre as produções do tipo, possui relações de amizade com sua mãe e com a melhor amiga, ao contrário de Branca de Neve, por exemplo – e Frozen (2014), na qual há empatia entre as irmãs Elza e Anna, sem a presença de bruxas ou madrastas, transformando o príncipe, agora, em vilão. Ambas procuram retratar fundamentais mudanças na construção da sororidade, embora muitos desafios se apresentem ainda nesse processo de fortalecimento.

Servidoras(es), estagiárias(os) e colaboradoras(es) reuniram-se para o debate

A servidora citou trechos de livros da escritora norte-americana e ativista antirracista Gloria Watkins, mais conhecida pelo pseudônimo de bell hooks (1952-2021) – assim grafado por escolha da própria autora, em minúsculas -, salientando que “a irmandade é poderosa e concretamente possível” entre as mulheres. Rita evidenciou que a sororidade seletiva – quando subgrupos de mulheres, como as com deficiências físicas, indígenas, negras, idosas, etc, ainda são segregadas da luta contra o patriarcado e o machismo – é um dos grandes desafios a serem superados.

Além de apresentar várias obras como sugestões de leitura e aprofundamento sobre o tema para os(as) participantes, a palestrante citou exemplos de boas práticas de sororidade, como o Hub das Pretas, que abrange coletivos de jovens negras no combate ao racismo e ao sexismo; a campanha Mexeu com uma, Mexeu com todas, deflagrada quando uma figurinista de uma emissora brasileira de televisão foi assediada por um ator da estação, há alguns anos, resultando numa campanha nacional contra o assédio; e o ciclo de debates Gordas em Cena, de Salvador, que se propõe a discutir o tema da gordofobia estrutural na capital baiana, entre outros.

Texto: Gilson Barbosa
Edição: Lívia Nogueira

#PraTodoMundoVer

As duas imagens são registros fotográficos da Sala de Treinamentos do TRE-CE. Na primeira, no segundo plano, está um painel, com logos do TRE-CE em fundos brancos e azuis. À frente do painel, está a palestrante, de vestido preto, ao lado de uma tela de projeção. No primeiro plano, enfileirados diante dela, estão pessoas sentadas em cadeiras pretas, assistindo a apresentação. Na segunda foto, há 29 pessoas posando para a foto, entre homens e mulheres, à frente do painel de logos.